sexta-feira, maio 2, 2025

Da Babilônia à Celebração: Uma Reflexão sobre Ezequiel 37 e Salmos 126

A cada ano, Deus nos direciona a um tema específico para orientar nossa jornada espiritual. Em 2025, somos convidados à “Celebração”, fundamentada no Salmo 126:3 — um cântico entoado pelo povo de Israel após sua libertação do cativeiro babilônico.

Para compreendermos a profundidade desta celebração, precisamos mergulhar no contexto histórico do exílio e da restauração de Israel. Foi ao estudar este período que encontrei em Ezequiel 37 revelações poderosas sobre esperança, renovação e a fidelidade inabalável de Deus.

Ezequiel: Voz Profética no Exílio

Ezequiel exemplifica como manter comunhão com Deus mesmo nas circunstâncias mais adversas. Embora cativo na Babilônia, longe do templo e de sua terra, ele permaneceu conectado ao Senhor, recebendo revelações extraordinárias.

Como nos lembra Paulo em 2 Coríntios 4:16-18:

“Por isso não desanimamos; embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia. Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.”

A Visão do Vale de Ossos Secos

“Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me levou pelo Seu Espírito e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos.” (Ezequiel 37:1)

Esta visão revela um princípio importante: às vezes a vontade permissiva de Deus nos conduz a vales desolados. O próprio Israel experimentou esta realidade no cativeiro. Contudo, estar no vale não significa estar abandonado por Deus.

Mesmo no exílio, o Senhor continuou falando ao seu povo através de profetas, estendendo o convite à reconciliação, como prometido em 2 Crônicas 7:14:

“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”

Ossos Secos e a Jornada da Restauração

Na visão, Deus faz Ezequiel percorrer o vale, confrontando-o com a ausência total de vida. Então lhe pergunta: “Filho do homem, poderão viver estes ossos?” (Ezequiel 37:3)

Esta pergunta ecoa o desespero do povo exilado, que havia perdido toda esperança de restauração. Mas Deus estava prestes a demonstrar que Sua Palavra tem poder para transformar até mesmo as circunstâncias mais desoladoras.

Quando Ezequiel profetiza conforme ordenado, um processo gradual se inicia: primeiro os ossos se juntam, depois surgem nervos, carne e pele. Entretanto, ainda não havia vida:

“E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.” (Ezequiel 37:8)

Esta etapa da visão nos ensina uma lição profunda: a restauração divina geralmente ocorre em fases. O milagre completo raramente acontece instantaneamente.

O Processo de Restauração

Quando Israel retornou do cativeiro, não encontrou uma Jerusalém restaurada e próspera, mas uma cidade em ruínas. No entanto, mesmo diante desse cenário desafiador, eles entoaram o cântico de Salmos 126, celebrando o início da restauração prometida.

Na sequência da visão, Deus ordena que Ezequiel profetize ao Espírito para que sopre vida nos corpos formados:

“Porei em vocês o meu Espírito, e vocês viverão” (Ezequiel 37:14).

Este é o ponto culminante: o que era apenas forma sem vida se transforma em um poderoso exército. A promessa de restauração completa se cumpre quando o Espírito de Deus entra em cena.

Celebração em Meio ao Processo

A conexão entre Ezequiel 37 e Salmos 126 nos revela um princípio transformador: a celebração não deve esperar pela conclusão total da restauração. Israel não celebrou apenas ao ver tudo reconstruído, mas celebrou porque reconheceu que Deus já havia iniciado o processo.

Aplicação para Nossa Jornada em 2025

Ao entrarmos em 2025, somos chamados a adotar esta mesma postura de fé: celebrar não apenas os milagres concluídos, mas também os processos em andamento. Mesmo quando ainda vemos ruínas à nossa volta, podemos celebrar com confiança, pois Aquele que iniciou a boa obra certamente a completará.

Que possamos, como Israel, declarar com convicção: “Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres.”

Jonathan Souza
Jonathan Souza
Engenheiro de Banco de Dados com Formação em Bacharelado em Ciências da Computação pela Universidade de Guarulhos atuante no mercado a mais de 10 anos. Além de trabalhar com sonoplasta no mercado de trabalho e igrejas, técnico de som por formação e escritor voluntário. Apesar de formado na área de exatas, se aventurou com as palavras entrando para o time de colunistas da Visão em Cristo.